30 de outubro de 2008

Quando a Chuva...

De mãos erguidas para o céu, estava, a criança.
A mãe a chamava constantemente, implorava, mas a criança parecia não escutar.
De mãos erguidas para o céu, e uma gota de chuva a lavou, uma gota só foi o bastante, para a imensidão do seu coração, tão pequenino, mas tão elástico.
Esperava por ela há dias, esperava por ela ansiosamente, pois o seu maior sonho era poder brincar na chuva.
O seu sonho era ficar molhado e poder deslizar na grama enxarcada, poder jogar futebol sem goleiros, e poder sentir o gosto da água que vinha do céu.
Muitos não entendiam aquela visão, da criança extremamente feliz por um simples aguaceiro,uma coisa rotineira, mas que para ela, era quase milagre, muitos queriam entender seus motivos, mas a criança apenas estava, ali, na chuva.
Seu pai, enfim, percebeu, e foi junto a ela, tomar banho de chuva, tina esquecido como era bom, equecido da inconseqüencia infantil, esquecido que nada tem razão, que o que bastava eram os momentos. Fazia décadas que ele não sentia aquela água, a água que vinha do céu, e juntos, o pai e seu filho, ficaram na chuva, brincando um com o outro, rolandos na grama enxarcada.
A criança , chamou então o seu cachorro, que por motivos óbvios, se chamava Cascão, e ele, com seu instinto canino e seu amor ao seu dono, obedeceu sem medo, e vencendo seus temores, deu um uivo de vitória, como se naquele momento o mundo voltasse a respirar, e juntos, os três estavam lá, na chuva, apenas se divertindo, apenas sendo crianças...

Um comentário:

Fóssil disse...

A infãncia, a inocência, a chuva, a ternura, a relação de adultos e crianças... tudo isso e algo mais em um texto muito bem escrito. Excelente, Rodrigo =]