30 de outubro de 2008

Quando a Chuva...

De mãos erguidas para o céu, estava, a criança.
A mãe a chamava constantemente, implorava, mas a criança parecia não escutar.
De mãos erguidas para o céu, e uma gota de chuva a lavou, uma gota só foi o bastante, para a imensidão do seu coração, tão pequenino, mas tão elástico.
Esperava por ela há dias, esperava por ela ansiosamente, pois o seu maior sonho era poder brincar na chuva.
O seu sonho era ficar molhado e poder deslizar na grama enxarcada, poder jogar futebol sem goleiros, e poder sentir o gosto da água que vinha do céu.
Muitos não entendiam aquela visão, da criança extremamente feliz por um simples aguaceiro,uma coisa rotineira, mas que para ela, era quase milagre, muitos queriam entender seus motivos, mas a criança apenas estava, ali, na chuva.
Seu pai, enfim, percebeu, e foi junto a ela, tomar banho de chuva, tina esquecido como era bom, equecido da inconseqüencia infantil, esquecido que nada tem razão, que o que bastava eram os momentos. Fazia décadas que ele não sentia aquela água, a água que vinha do céu, e juntos, o pai e seu filho, ficaram na chuva, brincando um com o outro, rolandos na grama enxarcada.
A criança , chamou então o seu cachorro, que por motivos óbvios, se chamava Cascão, e ele, com seu instinto canino e seu amor ao seu dono, obedeceu sem medo, e vencendo seus temores, deu um uivo de vitória, como se naquele momento o mundo voltasse a respirar, e juntos, os três estavam lá, na chuva, apenas se divertindo, apenas sendo crianças...

16 de outubro de 2008

Sobre o Cavaleiro e O Diálogo com a Mulher Sábia.

Sobre O Caveleiro?

Ah é difícil obter informações a respeito dele, não tem registro algum de sua existência;

E Quanto a seu destino?

O que é destino?Acredito que sejamos nós que traçamos nossos destinos, afinal, quem opta pelos caminhos somos nós, e quem sofre as consequencias também somos nós.

Ele morreu?

Não sei nem se ele nasceu.

E sua história?

Um rascunho, pode-se dizer.

Sua missão?

Salvar todos nós?

Na guerra?

Não na vida.

E a criança?

Todos nós.

E você?

Mulher Sábia.



Mulher Sábia e O Caveleiro, são aqueles que vieram tirar a escuridão do povo, do universo e durante tantas gerações, fizeram com que as pessoas encontrassem e enfrentassem os seus medos e demônios interiores.Mulher Sábia, vive hoje ao redor do Vale do Desapego e Grávia, O Cavaleiro, anda por aí nos parquinhos passeando com sua criança.

7 de outubro de 2008

Cavaleiro desnorteado.


Grávia estava caminhando pelas ruas de Roma, numa cruzada desértica, havia se perdido de sua tropa no meio da batalha, mas ali não havia mais ninguém, pelo menos era o que esperava. Procurava por todas as direcções sua preciosa tropa, era muito inseguro e ali solitário era um alvo fácil. Entrou em desespero, pois a muito tempo caminhava com sua espada embainhada e sua armadura rígida, tinha esperança do reencontro, mas o dia estava acabando e uma grande decisão deveria fazer, continuaria sua busca interminável e angustiante. Na calada da noite, quando seus inimigos bolavam armadilhas, seria muito mais fácil a sua capturação e consequentemente sua derrota, mas parar para descansar poderia resultar num maior distanciamento de sua tropa, resolveu descansar um pouco, iria acelerar seus pesados passos ao amanhecer. Mas veio-lhe um sonho de imediato, um predestino havia o repousado, sonhara com um leito, cheio de crianças órfãs, e depois com um asilo cheio de mulheres abandonadas, acordou na nova Roma, onde estavam todos os seus amigos e sua família, todos com sorrisos nos semblantes, todos com alegria estampada, não estava mais com sua roupagem de exército, mas com seu pijama de infância, era uma nova era, ou não, um simples sonho, parecia interminável, e realmente foi. Estava em profundo coma, pois não sentia seus membros o respeitando, não sentia seu coração pulsando, seria, talvez um sonho. Mas quando iria acabar?E sua tropa? Um raio de luz despertou seus olhos da escuridão de Roma, e lá estava ele, semi-vivo ou quem sabe semi-morto, poucos conhecem a fronteira entre a vida e a morte, mas pode-se dizer que ele estava lá, ou quem sabe parte dele, sua tropa, antes tão procurada, não havia ali, e no sue lugar havia gente, que não estava ali, piores que ele, pensou. Refletiu, sua epifania teria durado quanto tempo?Achava nenhum sentido nisso tudo, estava procurando sua tropa, adormeceu, acordou mas não estava vivo.Nada de simples pensou. Até que uma criança chegou aos seu pés e disse:A vida lhe deu uma nova chance. E saiu, sendo essa a frase epifânica primordial, imediatamente, o cavaleiro de passos pesados, se despiu, vestindo o Sol, e saiu, junto com a criança, para o mundo onde realmente precisavam de cavaleiros...