23 de dezembro de 2008

A cor preferida da Criança.

A criança estava lá, sob as sombras das copas das árvores, de lá não sairia, já havia dito isso à Mulher, de lá, não sairia até que lhe fosse apresentada a cor do mar, a cor que seus olhos jamais experimentaram, a cor que tornava cega a sua imaginação, era azul, em seu sonhos, era verde em sua inocência. O Cavaleiro havia lhe dito, que em uma de sua jornadas, havia encontrado o mar, e naquela ocasião, ele se encontrava de cor lilás, a criança não acreditou, pois a todos que havia perguntado, uma só era a resposta, maravilhosa, essa era a resposta, então, a criança não conseguia imaginar um lilás sendo maravilhoso, estava perdida, buscando a maior árvore, para quem sabe avistar o mar de longe e obter a resposta para sua imaginação. Mulher Sábia já havia dito que não sairia mais do Vale do Desapego, jamais, desde então não podia acompanhar a Criança para essa jornada de descoberta, estranhava ela, o quanto a Mulher Sábia era tão apegada ao Vale do Desapego. Enfim que chega Grávia, vindo de Caçada da Misteriosa Planta Jamais, a Planta que jamais nasceu, ele, coitado, ria a Criança, não conseguiu achar a tal planta, mas confortou-se pois tinha uma cia para ir em busca da tal cor. Grávia imediatamente aceitou o convite, não dispensava uma sequer jornada. Eis, que, a Criança e o Cavaleiro se empenham em ir ao Norte das Colinas, em busca da cor do mar, em busca do mar. Andaram milhas e milhas, por via da Estrada que Não Tinha Nome, eis que enfrentaram a Cordilheira do Sol, eis que ultrapassaram as Campinas das Bruxas, e mesmo durante esse percurso, eles não encontraram o caminho correto, mesmo com muitas sugestões, mesmo com uma bússola, essa que jamais havia desapontado o Cavaleiro, que havia certamente esquecido do caminho correto. Pensou em desistir, a Criança, mas Grávia jamais desistiria de uma jornada, ainda mais se ela significasse tanto a um amigo. Decidiram então, voltar pelo Sul, e mais uma vez, passaram por todos aqueles lugares felizes e outros tenebrosos, a Criança, Grávia percebeu, durante a jornada já havia deixado de ser uma criança, estava perdendo a essência, de tão desgastante que era a jornada, mas ele percebeu que seu sonho não havia mudado com o tempo, ela ainda desejava a cor, a cor passou a ser seu objetivo de vida. Naquele exato momento, Mulher Sábia se lembrou do verdadeiro caminho, mas estava tão apegada ao Vale do Desapego, que temeu por ir ao encontro de seus amigos, temia deixar aquele lugar, foi aí que veio aos seus olhos a imagem dos olhos da Criança cobertos com a cor do mar, e ela enfim saiu em busca de seus amigos, que por volta dessa circunstância estavam perdidos pelo Caminho Tortuoso. Eis que A Luz guia a Sabedoria, e ela encontra seus amigos, e juntos, seguem pelo Caminho que segue a Lua, a Criança não conseguia acreditar que Sábia havia se sacrificado por ela, sacrificado seu modo de vida para cumprir não o seu sonho, mas o de uma outra pessoa. Juntos os três alcançaram o fim do caminho, e eis que seus olhos cegueram com a maravilhosidade que a cor do mar possuía, e eles desejavam jamais perder aquela sensação, da felicidade da conquista, de ver, de sentir, de poder dizer, nós conseguimos, juntos, ver a cor do mar, e realmente ela é maravilhosa. E não só a Criança, mas também o Cavaleiro assim como a Sabedoria, voltaram a ser crianças novamente.